sábado, 16 de agosto de 2014

Números...


"Quero a verdade. Deem-me números! Ilusão...
Os números expressam uma dimensão da realidade.
Por trás dos números estão relações sociais, seres humanos, que os números tendem a esconder."

(Emir Sader)

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Quatro anos de blog

Estimados

Hoje, não postarei texto poético novo!
Na verdade, esta mensagem é apenas para agradecer todos aqueles que têm acessado o blog, que, hoje, completa três anos consecutivos no ar, sempre com pelo menos um texto novo por dia!
E confesso que nunca imaginei que fazê-lo seria tão prazeroso assim.
Foram muito mais do que postar pouco mais de 365 textos (inicialmente eu postava mais de um por dia)!
Fiz amizades com pessoas que nunca vi ainda pessoalmente, mas que têm compartilhado suas almas e letras comigo. O blog deixou de ser um espaço para publicação exclusiva de textos meus, para se converter em um portal de poesia de todos aqueles que se interessam por este lado bonito da vida...
Quanta gente maravilhosa tivemos a oportunidade de conhecer aqui? Quantas criaturas preciosas nos enviaram textos e publicamos aqui com todo prazer, mesmo sem conhecê-las pessoalmente!
Por isso, em vez de postar um texto novo, gostaria de convidar você, que já segue o blog ou que está lendo-o pela primeira vez, a futucá-lo um pouco!
Verifique quantos acessos já ocorreram!
Veja quantos seguidores temos! Se você ainda não está lá, nao se acanhe em apertar a opção de "seguir o blog"!
Leia ou releia os textos mais acessados do blog (a relação está do lado direito desta página)!
Descubra os temas mais recorrentes nos marcadores dos temas!
Ajude-nos a melhorar o blog, tanto do ponto de vista da formatação, quanto da escolha dos textos a ser programados para publicação!
Comente aqueles textos que tenham chamado mais a sua atenção!
Além disso, tenho recebido contribuições de diversas pessoas que, quando não mandam poemas seus ou de terceiros, mandam imagens lindas que decoram o nosso espaço. Agradeço, em especial, à amada ex-aluna Amanda de Almeida Santos, que é a responsável pela maior parte das imagens expostas aqui no blog.
Ela, juntamente com outras pessoas lindas, têm me mandado diversas ilustrações que têm renovado o meu ânimo de manter o blog no ar...
Se você, leitor, encontrar alguma imagem legal que possa adornar algum texto já postado, não hesite em nos encaminhar também!
Ter tanta gente maravilhosa perto de mim é bom demais...
E isto me deixou muito feliz...
Feliz aniversário a todos nós!
Abraços a todos,

Rodolfo Pamplona Filho

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Amando em Braille

Amando em Braille

Rodolfo Pamplona Filho
Eu quero te amar em Braille...
Tocando na tua pele
como a ler uma mensagem
do segredo mais profundo
de nossa existência...
Conhecendo cada canto
com meus dedos e minha língua...
Provando o gosto forte
que emana de cada poro...
Respirando o perfume
que exala de teus cabelos...
Vibrando com a excitação
do eriçar de teus pelos...
Sentindo a firmeza de teus músculos
que impressionam no toque...
Aprendendo o idioma
que permite o prazer
do diálogo sem palavras,
mas com perfeita compreensão...
Lendo o teu corpo
apenas para saber
que não há no dicionário
palavra mais bela
do que o receptáculo
da alma que se deseja...
Eu quero te amar em Braille...


Curitiba, madrugada de 18 de outubro de 2013.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

“Tempo Mágico”


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
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Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos a limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena.

Rubem Alves

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Minha terra é minha história

Minha terra é minha história

Rodolfo Pamplona Filho
Meu mundo é maior que meu espaço
pois minha história eu mesmo faço.
Minha ligação é com o solo,
onde encontro repouso e colo.

Meu refúgio é minha vida:
É a herança que tenho contida
Meu espirito mora onde nasci...
É onde cresci e sempre vivi...

Meu conhecimento centenário
não se extingue no calendário,
mas sobrevive na transmissão
de geração em geração,

aprendendo a origem ancestral
da sabedoria tradicional
de pajés e xamãs,
renovada todas as manhãs

mesmo com um povo que não dá bola
à minha comunidade quilombola,
que sofre ao ver no horizonte
o que fizeram com Belo Monte

ou mesmo em São Bartolomeu,
onde nada mais é sequer meu,
pois onde fazia minha iniciação
hoje é área de perversão

de trafico e de violência,
sem respeito a qualquer crença,
deixando-me com a escória
quando minha terra é minha história.


Salvador, 24 de outubro de 2013, em brainstorm com Carol Liu sobre seu novo projeto cinematográfico..

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ARTIGO 430 DA CLT

ARTIGO 430 DA CLT

O artigo em questão estabelece os seguintes regulamentos
Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem
Cursos ou vagas suficientes não oferecerem
Para atender à demanda dos estabelecimentos

Esta poderá ser
Suprimida por outras entidades qualificadas
Em formação, como em art.anterior já citada
Como técnico-profissional metódica, a saber:

Escolas Técnicas de Educação obviamente
Entidades sem fins lucrativos
Que tenham por objetivo
A assistência ao adolescente

Para também teres sempre em mente
À educação profissional
Registradas no Conselho Municipal
Dos Direitos da Criança e do Adolescente.

JORGE DA ROSA


domingo, 10 de agosto de 2014

Confissões



Confissões

                        
William Douglas, 25.11.13, 10h.

Não se engane com meu jeito educado e
gentil.
Nem sempre fui assim.  Eu já
matei um homem.
Cristo morreu pelos meus pecados.
Aliás, pelos nossos. E eu não desperdicei
aquele sacrifício:
ao menos por mim, aquele sangue não foi em
vão.
Nunca entendi a maior parte das coisas sobre
Ele, mas sei que
sua vinda mudou minha história.
O cristianismo, por culpa minha, ainda não
fez de mim um bom cristão,
mas já me tornou muito menos ruim do que eu
seria sem ele.
Este homem disse que minha vida é mais do
que meus bens,
que qualquer flor se veste melhor do que com
Gucci ou Gabbana,
Versace ou Dior. Qualquer lírio do campo
está na moda, sempre.
E sussurou que não adianta ganhar o mundo
inteiro e perder a alma.
Este homem, que eu mesmo matei com meus
pecados, e diz que
amar me torna invencível; servir, grande;

ser fraco me torna forte; dizer “não”,
íntegro.
Esse homem que aceita adoração e lava os
pés dos outros me enlouquece:
ele diz que quando julgo, me julgo antes, que
ao perdoar também antes me perdoo,
me fala para oferecer a outra face a quem me
fere, e a andar a milha extra.
E me diz que está sempre à porta, batendo,
para me convidar para jantar.
Nunca vou entender esse Deus que se mata, ou,
como disse Calvino,
que “se tornou  filho dos
homens para os homens se tornarem filhos de
Deus”.
Eu nunca vou entender esse homem que diz para
eu me negar a mim mesmo e tomar uma cruz, justo ele, que em
um mundo de hipocrisias primeiro me tomou a minha.


Receio que nunca irei entender quase nada,
mas sei duas coisas:
sei que ele me amava antes de eu me tornar
visível para os outros, e que matei esse homem.