sábado, 24 de maio de 2014

O Canto da Chuva

O Canto da Chuva

Rodolfo Pamplona Filho
Escutar
o canto da chuva
é um bom tema
para um poema

Conhecer
a melodia
dos pingos que surgem
em poças de nuvens

Descobrir
a harmonia
da lágrima e da água
que limpa toda mágoa

Solfejar
uma linda linha
que será a trilha sonora
da mudança de uma hora.

MannHein, 29 de abril de 2013,

pensando em um papo via What's up em 20/04/2013.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Um texto de Adrian Rogers, (1931)

Um professor de economia, numa universidade do Texas, disse que ele nunca havia reprovado um só aluno antes mas, uma vez, tinha reprovado uma classe inteira.

Essa classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo.

O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."

Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam justas. Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...

Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".

Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".

As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe.

A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma.

No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala.

Portanto, todos os alunos repetiram o ano... para sua total surpresa.

O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.

Preguiça e mágoas foi seu resultado.

Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.

"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós.

Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.

Para cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.

O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.

Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Adrian Rogers, 1931


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Morangos Mofados

Morangos Mofados

Rodolfo Pamplona Filho
De que adianta ter
e não desfrutar?
Vinhos viram vinagre
Morangos mofam
Amores morrem


MannHein, 01 de maio de 2013.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Enquanto Os Ventos Sopram

Enquanto Os Ventos Sopram
                                                                                                                                         

          Alguns anos atrás um fazendeiro possuía terras ao longo do litoral do Atlântico. Ele constantemente anunciava estar precisando de empregados. A maioria das pessoas estavam pouco dispostas a trabalhar em fazendas ao longo do Atlântico. Temiam as horrorosas tempestades que varriam aquela região, fazendo estragos nas construções e nas plantações.

          Procurando por novos empregados, ele recebeu muitas recusas. Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se aproximou do fazendeiro.

- Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.

- Bem, eu posso dormir enquanto os ventos sopram, respondeu o pequeno homem.

          Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou. O pequeno homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer até o anoitecer e o fazendeiro estava satisfeito com o trabalho do homem.

          Então, uma noite, o vento uivou ruidosamente. O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados. Sacudiu o pequeno homem e gritou,

- Levanta! Uma tempestade está chegando! Amarre as coisas antes que sejam arrastadas!

O pequeno homem virou-se na cama e disse firmemente,

- Não senhor. Eu lhe falei: eu posso dormir enquanto os ventos sopram.

          Enfurecido pela resposta, o fazendeiro estava tentado a despedi-lo imediatamente. Em vez disso, ele se apressou a sair e preparar o terreno para a tempestade. Do empregado, trataria depois. Mas, para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo. As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos nos viveiros, e todas as portas muito bem travadas. As janelas bem fechadas e seguras. Tudo foi amarrado. Nada poderia ser arrastado.

          O fazendeiro então entendeu o que seu empregado quis dizer. Então retornou para sua cama para também dormir enquanto o vento soprava.

          O que se quer dizer com esta história, é que quando se está preparado - espiritualmente, mentalmente e fisicamente - não se tem nada a temer.

          Você pode dormir enquanto os ventos sopram em sua vida?

Autoria do texto desconhecida


terça-feira, 20 de maio de 2014

Entre Notas

Entre Notas

Rodolfo Pamplona Filho
Hã muito mais Lá
entre um Si e um Dó,
do que possam imaginar
nossas vãs filosofias!
Ou entre o Si e a Dó!
Ou entre o Lá e o Dó maior!
Ou entre o Lá distante do Sol!
Entre Si e Mi, de Ré,
sem Dó, no Sol-Fá!
Lá, distante do Sol,
existe em Mi,
um profundo Dó!
No Ré pensar
do que Fá zer,
penso em Si,
penso em Mi,
penso em nunca mais ser Sol.


Mainz, 02 de maio de 2013.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Fim do trema, sucesso da @, por Zuenir Ventura

Fim do trema, sucesso da @, por Zuenir Ventura

Zuenir Ventura, O Globo
Achei engraçadinhas as histórias antagônicas desses dois sinais gráficos. Um, o trema, está desaparecendo; aliás, oficialmente já desapareceu. O outro, a arroba, está no auge de sua popularidade. Do primeiro recebi, enviado por um amigo, uma sentida despedida. “Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças, por mais de 450 anos. Fui expulso pra sempre do dicionário.”
Suas queixas não poupam o cedilha, que teria sido a favor de sua expulsão — “aquele Ç cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra”. E um conformado desabafo: “A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, ‘kkk’ pra cá, ‘www’ pra lá.”
O estranho é não haver referência à arroba, muito mais em voga do que as letras citadas. Calcula-se que a @ — esse a com uma perna esticada fazendo um quase círculo — anda hoje em três bilhões de endereços eletrônicos, o que ainda é pouco, considerando que não é possível passar um e-mail sem ela.
Antes, apenas como medida, ainda tinha alguma utilidade, pelo menos para comerciantes e estivadores dos armazéns dos cais do porto, já que servia para indicar a unidade de peso equivalente a 15 quilos.



É curiosa a vertiginosa carreira de sucesso da @, que nem existia nas primeiras máquinas de escrever. Conta-se que foi em 1971, graças ao engenheiro americano Ray Tomlinson, que ela começou a ganhar destaque, e por acaso. Encarregado do projeto que seria o precursor da internet, Ray precisava de um símbolo que ligasse o usuário do correio eletrônico ao domínio. Aí, olhando para um teclado, caiu de amores pela @, depois que seu coração balançou entre o ponto de exclamação e a vírgula.
A partir dos anos 90, com a massificação da internet, a arroba passou a ser provavelmente o símbolo gráfico mais popular do universo. Os e-mails podem viver sem tremas, sem pontos de exclamação, de interrogação, til, cedilha, reticências, mas nunca sem aquele sinalzinho que aparece em cima do 2 e precisa ser acionado apertando-se a tecla Shift. E mais: além de popularidade, ganhou prestígio.
Em 2010, o Museu de Arte Moderna de Nova York adquiriu o símbolo @ para a sua coleção de design. “Uma aquisição que nos deixa orgulhosos”, anunciou o MoMA em seu site. Agora mesmo é que a @ está se achando.


Zuenir Ventura é jornalista.

domingo, 18 de maio de 2014

Soneto da Especulação Imobiliária

Soneto da Especulação Imobiliária

Rodolfo Pamplona Filho
Qual é o preço a se pagar
para conseguir um teto
não somente para morar,
mas para estar perto

de quem se ama de verdade
e quer proteger da realidade
de um clima cruel e violento
digno de um carcará sanguinolento?

Valor algum é suficiente
para significar o espaço da gente,
onde se pode realmente descansar!

Por isso, não há como não desejar
que sofra uma morte vicária
quem vive de especulação imobiliária!


Mainz, 03 de maio de 2013.