sábado, 17 de agosto de 2013

O que está faltando no texto abaixo?



O que está faltando no texto abaixo?

Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de Colombo.
Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento
Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?
Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.
Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.

Descobriu?
Não?
Então aqui vai...

NÃO TEM A LETRA A EM LUGAR NENHUM DO TEXTO! INCRÍVEL!   

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

40 anos


40 anos

Rodolfo Pamplona Filho
Chegar aos quarenta 
é passar do gerúndio 
para o particípio passado;
é deixar de dizer
que está ficando velho,
para ter certeza disso;
é dobrar finalmente 
o cabo da boa esperança, 
chegando na idade 
em que se convence 
que se tem realmente 
mais passado do que futuro...
é quando a melancolia
deixa de ser eventual companhia,
para dar lugar à nostalgia
cada vez mais constante no dia,
sentindo a imensa vontade de viver
algo diferente do que se tem e se é...

Santiago/Chile, 28 de junho de 2012.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Três anos de blog


Estimados

Hoje, não postarei texto poético novo!
Na verdade, esta mensagem é apenas para agradecer todos aqueles que têm acessado o blog, que, hoje, completa três anos consecutivos no ar, sempre com pelo menos um texto novo por dia!
E confesso que nunca imaginei que fazê-lo seria tão prazeroso assim.
Foram muito mais do que postar pouco mais de 365 textos (inicialmente eu postava mais de um por dia)!
Fiz amizades com pessoas que nunca vi ainda pessoalmente, mas que têm compartilhado suas almas e letras comigo. O blog deixou de ser um espaço para publicação exclusiva de textos meus, para se converter em um portal de poesia de todos aqueles que se interessam por este lado bonito da vida...
Quanta gente maravilhosa tivemos a oportunidade de conhecer aqui? Beatriz A.M., Malu Calado, Teca Poetisa de Gaia, Clívia Filgueiras, os juizespoetas (fonte inesgotável de poesia, com tantos nomes que seria indelicado omitir algum...), Sebastião Geraldo de Oliveira, Roseanne Freitas, Darci HF, Renata Rosa Fernandes, Paulo Basílio, Jacyra Ferraz Laranjeira, Lúcio Casado, Erick Quintella, Camila Martins, Camila Martins, Luíse de Santana, Vanessa Bacilieri, entre tantas outras criaturas preciosas que nos enviaram textos e que publicamos com todo prazer!
Por isso, em vez de postar um texto novo, gostaria de convidar você, que já segue o blog ou que está lendo-o pela primeira vez, a futucá-lo um pouco!
Verifique quantos acessos já ocorreram!
Veja quantos seguidores temos! Se você ainda não está lá, nao se acanhe em apertar a opção de "seguir o blog"!
Leia ou releia os textos mais acessados do blog (a relação está do lado direito desta página)!
Descubra os temas mais recorrentes nos marcadores dos temas!
Ajude-nos a melhorar o blog, tanto do ponto de vista da formatação, quanto da escolha dos textos a ser programados para publicação!
Comente aqueles textos que tenham chamado mais a sua atenção!
Além disso, tenho recebido contribuições de diversas pessoas que, quando não mandam poemas seus ou de terceiros, mandam imagens lindas que decoram o nosso espaço. Agradeço, em especial, à amada ex-aluna Amanda de Almeida Santos, que é a responsável pela maior parte das imagens expostas aqui no blog.
Ela, juntamente com outras pessoas lindas, têm me mandado diversas ilustrações que têm renovado o meu ânimo de manter o blog no ar...
Se você, leitor, encontrar alguma imagem legal que possa adornar algum texto já postado, não hesite em nos encaminhar também!
Ter tanta gente maravilhosa perto de mim é bom demais...
E isto me deixou muito feliz...
Feliz aniversário a todos nós!
Abraços a todos,

Rodolfo Pamplona Filho

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Frustração Amorosa


Frustração Amorosa

Rodolfo Pamplona Filho
O fato de você
insistir em amar alguém
não quer dizer
que saiba fazê-la feliz
Nada fica menor
ou se torna pior
porque termina.
Tudo tem sempre
o mesmo tamanho,
não o que se imagina

Santiago/Chile, 26 de junho de 2012.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O que é ser inteligente?

O que é ser inteligente?
(por Isaac Asimov)

Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos.
A média era 100.
Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal.
(Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police)
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos.
No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico.
Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal.
A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez.
Ele adorava contar piadas.
Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”
Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”
Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou:
“Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”
E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.

(tradução livre do original “What is intelligence, anyway?”)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Vida sem Graça


Vida sem Graça

Rodolfo Pamplona Filho
Fazer aniversário sem comemorar
Ouvir música sem cantar
Dormir cedo no Réveillon
Transar sem fazer som
Ir para New York e não curtir
Broadway ou Central Park
Contar piadas sem sequer sorrir
ou algo que, enfim, marque...
Querer carinho sem receber
Viver como se fosse inevitável sofrer...

Santiago/Chile, 26 de junho de 2012.

domingo, 11 de agosto de 2013

A Boca de Deus


Mensagem do Prof. Pablo Stolze escrita em 14 de julho de 2012

A Boca de Deus
Imagine que para cada súplica que fizéssemos ao Alto, Deus se materializasse em forma de um anjo, e com cada um de nós conversasse, apresentando a solução dos nossos problemas. Isso não é impossível de acontecer. Há homens santos, que diante do seu alto grau de evolução espiritual, conseguem, sim, conversar pessoalmente com Deus.
Todavia, a Sabedoria Divina é infinita.
Afinal, se qualquer um de nós, diante de cada problema surgido, pudesse, pessoalmente, recorrer a Ele para obtermos uma resposta concreta, fisicamente comprovada, para as nossas aflições, a nossa vida perderia sentido.
Viveríamos mais em função da resposta astral do que da real compreensão daquilo que nos aflige. Perderíamos o mérito da busca da solução e o crescimento que deriva de todo o sofrimento purificador da nossa luta. As nossas frontes suplicantes ficariam incessantemente voltadas para cima, para o Alto, esperando o divino anjo portador da resposta esperada, e deixaríamos de enfrentar  aquilo que nos atormenta, esquecendo, até mesmo, da mão amiga do próximo que nos apoia.
Não faz muito, vi uma das minhas filhas tentando desesperadamente engatinhar para pegar um brinquedo que estava a poucos centímetros de si. Minha reação foi imediata. Correr, pegar o brinquedo e entregar-lhe. Mas não o fiz. Pois, se assim o fizesse, o mérito não seria dela. Seria meu. E, em uma próxima vez, ela ainda não andaria, esperaria prostrada, suplicante, a mão do seu pai afastar de si o seu problema. Eu, então, mesmo com o coração apertado, confesso, fiquei murmurando incentivos em seu ouvidinho, e, em poucos segundos, com esforço, ela chegou, sozinha, ao brinquedinho e sorriu.
Deus, certamente, também faz assim. Para o mérito da conquista ser nosso, o sofrimento santificador é o peso da nossa espada.
Não imaginemos, todavia, que, diante das nossas súplicas, Deus permaneça indiferente. A Boca de Deus fala de muitas maneiras. Se o anjo não se materializa, não quer dizer que Deus não ouça e não fale. O Pai fala, por meio de muitas bocas.
Nunca esqueço um fato verídico ocorrido com uma pessoa próxima. Suplicou a Deus durante noites a resposta a um problema. Orou fervorosamente. Talvez haja esperado a chegada de um anjo com uma pronta resposta. Mas ele não lhe apareceu. Um dia, pouco tempo depois, já tendo se desapegado do problema, esperando vez na fila de um telefone público, ouviu parte da conversa do usuário que estava à sua frente. Ficou chocada, em profunda gratidão beatífica. Acabara de ouvir a resposta que esperava, por meio de um estranho, que conversava descontraidamente pelo telefone.
Era a boca de Deus, que fala de muitas maneiras. Por uma voz na multidão, uma frase escrita em uma carta ou no fundo de um veículo, e, principalmente, por meio da nossa intuição.
Porque Deus tudo vê e nunca nos desampara. Nunca duvide.
Bom sábado, meus amigos do coração!
Pablito

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