sábado, 12 de janeiro de 2013

Maioridade

Maioridade

Rodolfo Pamplona Filho
15, 18 ou 21?
Maior idade
Maioridade
Maturidade
Quando se sabe,
de verdade,
o que, na realidade,
não vem, em necessidade,
com o advento da idade?
O tempo não para,
mas é coisa rara
ter coragem na cara
para admitir
que pouco pode contribuir
sem realmente refletir.
Reconhecer
que nenhum critério
é suficientemente sério
para estabelecer
o momento da consciência,
da perda da inocência
e de estar pronto para viver.

Salvador, 18 de janeiro de 2012.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

DIREITO TRABALHISTA

DIREITO TRABALHISTA
Rocinante, o corcel de Dom Quixote, era só pele e osso:
- Metafísico estás.
- É que não como.
Rocinante ruminava suas queixas, enquanto Sancho Pança erguia a voz contra a exploração do escudeiro pelo cavaleiro. Ele se queixava do pagamento que recebia pela sua mão de obra, nada além de pancadas, fomes, intempéries e promessas, e exigia um salário decoroso em dinheiro vivo e sonoro.
Dom Quixote achava desprezíveis aquelas expressões de grosseiro materialismo. Invocando seus colegas da cavalaria andante, o fidalgo cavaleiro sentenciava:
- Jamais os escudeiros estiveram a salário, e sim à mercê.
E prometia que Sancho Pança ia ser governador do primeiro reino que seu amo conquistasse e receberia o título de conde ou de marquês.
Mas o plebeu queria uma relação trabalhista estável e com salário assegurado.
Passaram-se quatro séculos. E continuamos na mesma.
GALEANO, Eduardo. Espelhos - uma história quase universal. 2a edição. Tradução de Eric Nepomuceno. Porto Alegre: L&PM Editores, 2009, p. 129.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Fome de Você

Fome de Você

Rodolfo Pamplona Filho
Eu estou morrendo de fome de você...
Eu quero comemorar a minha vida com você...
Eu vou amar comemorar com você...
Eu vou amar comer e morar com vc...
Eu vou amar comer você...
e nunca me saciar...

Salvador, 28 de janeiro de 2012.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

(_Cora Coralina_)

Repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem.
Ela lhe disse:
"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha.
Eu não digo.
Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.

É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a venceras dificuldades da vida.

O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.

Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos.

Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades,
mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser.
Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho emorto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar,
ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.".

(_Cora Coralina_) 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Primeira Vez

Primeira Vez

Rodolfo Pamplona Filho
É um prazer...
Mais: um privilégio!
Tudo aprender
sem sacrilégio...
presenciar
a estréia,
o debutar,
ser mais que platéia...
Celebrar
a primogenitura.
Alcançar
uma nova altura.
Testemunhar
o nascimento.
Nunca mais deixar
de aproveitar o momento.
Ver o rito de passagem
para uma outra etapa.
Fazer uma viagem
sem olhar o mapa.
A perda da inocência
ou da virgindade
é superar a violência
de viver por necessidade.
A certeza da mudança
é o nascer de uma esperança,
pois tudo só toma a mesma tez,
quando se vive a primeira vez.

Salvador, 15 de janeiro de 2012.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ouvido Absoluto: As Canções a Seu Tempo

Ouvido Absoluto: As Canções a Seu Tempo

Patrícia Plumbo
No final do ano assistimos na tv Ivete Sangalo ladeada por dois dos maiores ícones vivos da música popular, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Grande parte do repertório da autoria deles com destaque para a belíssima Atrás da Porta, de Chico Buarque, como um dos pontos altos do programa. Ivete saiu-se bem. Cantou bonito, na intenção certa e emocionou platéia e colegas mesmo correndo o risco iminente da comparação com Elis Regina.
O desfile de clássicos acabou suscitando um debate acalorado entre meus amigos e eu sobre a natureza genial dos compositores ali presentes e a novissima geração que estamos vendo surgir. É lugar comum dizer que não se fazem mais canções como aquelas, que a poesia contida na produção contemporânea é rasa se comparada ao lirismo de Drão, Super Homem, Amor Até o Fim, Tá Combinado, Tigresa, pra citar algumas que fizeram parte do especial e indo mais longe o que dizer dos versos de Vinicius de Moraes, de Lupicínio, Cartola e outros mestres.
Bom, meu argumento a favor da canção comtemporânea é simples, toda canção reflete seu tempo, tem contexto histórico e é a partir daí que é possivel fazer juizo de valor. Como comparar a dor de cotovelo de um Antonio Maria que viveu nos anos 50 quando desfazer um casamento era um crime com punição social máxima com a leveza de um jovem como Thiago Pethit que vive num tempo com toda a liberdade de amar quer quiser? Vamos as versos: “ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor…”. – Antonio Maria; ou Valsa de Eurídice, de Tom Jobim e Vinicius: “oh, meu amado não parta, não parta de mim, ah, uma ternura que não tem fim…. ”.
Agora, Mapa Mundi, de Thiago Pethit: “me escreva uma carta sem remetente, só o necessario e se está contente, tente lembrar quais eram os planos, se nada mudou com o passar dos anos…e me pergunte o que será do nosso amor…”. Pra ser menos radical na diferença vamos pra Jards Macalé e Wally Salomão com Vapor Barato nos anos 70 quando a liberdade era uma bandeira: “vou descendo por todas as ruas e vou tomar aquele velho navio, eu não preciso de muito dinheiro, graças a deus, e não me importa, honey…”. Voltando algumas décadas vamos lembrar de outro tipo de romance retratado na belissima Último Desejo de Noel Rosa – “Nosso amor que não esqueço e que teve o seu começo numa festa de São João, morre hoje sem foguete, sem retrato, sem bilhete, sem luar, sem violão…” Pra nossa tristeza, quem é que começa nesses anos 2000 e tanto uma história de amor com retrato e bilhete
No meio da discussão apareceu uma outra questão bastante comum, onde estão os genios dessa geração? Se temos Chico, Gil, Caetano, Jobim, Noel, o que vem agora? O que virá depois? Continuo com meu determinismo histórico, não precisamos de gênios. Temos excelentes compositores, e até em maior número do que nas geracões anteriores. Com a disseminação da música pela internet, com a facilidade de acesso aos meios de produção, não há 3 ou 4 grandes nomes para a década, mas muitos.
Listo aqui alguns artistas com ótimas letras: o já citado Thiago Pethit, Rodrigo Campos, Tulipa Ruiz, Marcelo Camelo, Lirinha, Ava Rocha, Junio Barreto. Numa época em que casar e descasar é sazonal, o amor é Só Sei Dançar Com Você: “você sacou a minha esquizofrenia e maneirou na condução, toda vez que eu errava você dizia pra eu me soltar porque você me conduzia …” como canta Tulipa.
Os anos 50 foram difíceis pro amor, os 60 e 70 pra liberdade, os 80 uma espécie de compasso de espera, nos anos 90 se consolida a diversidade e agora colhemos os frutos de tudo isso. Tem poesia com profundidade e erudição nos versos de Lirinha mas também uma jovem que dança pra espantar a dor. Tem o fim da solidão de Marcelo Camelo e o amanhecer espantado com os preços da cidade de Ava Rocha. Só que é espalhado, diluido, solto por aí. Não está na televisão.
Mais que nunca é com ouvido esperto e curioso que se ouve e se descobre a boa música. Como disse uma vez Arnaldo Antunes, não tem porque termos saudades dos movimentos. O melhor é sempre o que nos emociona e de maneira geral o que mais emociona é o que nos traduz. Cada canção a seu tempo

domingo, 6 de janeiro de 2013

Poema do Desejo Feminino

Poema do Desejo Feminino

Toda Mulher quer um Homem protetor
Que a trate com todo amor
E não como uma mercadoria que vai e que vem
Suportando várias de um harém

Mulher que é Mulher não quer ser Prostituta
Muito menos encarnar a Lady fajuta.
Quer ser tocada; sentida
Admirada e ouvida

Só com Ele delirar de prazer
Rir, sonhar, dar, fazer...
O orgasmo lhe é bem anterior
De na cama se entregar sem pudor

Família é assaz importante
Abdicar da esmeralda, daquele diamante...
Ser forte
Amando a vida, não esquecendo da morte...

O coração de uma Mulher 

é um mundo Feito à mão
Patrimônio que leva o corpo 

e não vai a leilão

A verdade é universal e grita insistente
Acreditar ou não, só do Homem depende
Não há Mulher neste mundo
Que não queira um feliz para sempre!
Juliana Juliana